As abelhas e o apicultor: A importância para as pessoas, meio ambiente e sustentabilidade do planeta




AUTOR:Engenheiro agrônomo, M.Sc. Antônio Carlos Ferreira da Silva

   
 No dia 22 de maio é comemorado no Brasil o “Dia do Apicultor”; a data foi escolhida por ser dia da Santa Rita de Cássia, padroeira dos apicultores. A data é importante para refletirmos sobre a importância das abelhas para o homem, meio ambiente e sustentabilidade do planeta em que vivemos e, também parabenizar o apicultor pelo belo trabalho realizado. Esta profissão tão importante precisa ser valorizada no Brasil e receber a devida atenção de todos, pela sua importância ecológica, econômica e na segurança alimentar. 

     A abelha, inseto milenar, está presente em toda a história da humanidade, desde o início dos tempos. Desde as mais remotas civilizações até as mais recentes descobertas, a abelha sempre esteve e está intimamente associada ao ser humano e sua evolução. As abelhas podem ser indicadores biológicos do equilíbrio ambiental, muito útil no esforço da conservação, da biodiversidade e na exploração sustentável do meio ambiente. As mudanças que o homem têm imposto ao seu ambiente vem reduzindo a abundância de abelhas silvestres, colocando em risco a produção de alimentos e a preservação de muitos ambientes naturais e das espécies que neles habitam. É urgente que se reconheça as abelhas e outros animais polinizadores como essenciais para a sustentabilidade da produção mundial de alimentos. Segundo pesquisadores, a produção de 2/3 da alimentação humana depende, direta ou indiretamente da polinização por insetos e, de acordo com estimativas feitas em 1998, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), há no mundo uma perda de U$54 bilhões devido a deficiência na polinização das plantas cultivadas.  



                                                                                                           Abelha visitando uma flor
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 O apicultor é aquele profissional que cria as abelhas, e especialmente a espécie Apis melifera L. que é conhecida como abelha doméstica, produtora de mel e cera. Dá-se o nome de "apicultura" à arte de criar abelhas. Pode ser praticada como hobby ou de modo profissional. É uma atividade muito antiga, originária do Oriente. A China, o México e a Argentina são os principais países exportadores de mel, e a Alemanha e o Japão são os maiores importadores. O papel do apicultor é amparar suas abelhas nos momentos mais difíceis, para poder se beneficiar nos estágios em que as colmeias se encontram na plenitude produtiva. Para tanto, é preciso que ele entenda que a colônia vive em constante ciclo; nos períodos de escassez de alimento, a família definha, os zangões são expulsos da colmeia, cai a postura da rainha e, consequentemente, diminui ou cessa a produção de mel, pólen, geleia real, própolis e cera. Nesse momento, entra em ação o apicultor, que socorre a colônia providenciando alimento artificial para as abelhas, reduzindo a entrada do orvalho nos períodos de frio, auxiliando na manutenção da temperatura do interior da colmeia, fornecendo cera, verificando o estado dos favos e etc. Não basta apenas ter algumas colmeias para ser apicultor. É preciso entender o comportamento social das abelhas, sua biologia e estar sempre se atualizando sobre as técnicas de manejo e produção. Isso torna essa arte ainda mais nobre e cativante, pois as descobertas se renovam. 

Apicultores em ação

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 O mel foi a primeira substância adoçante da antiguidade, utilizado desde 5.000 a.C. Na pré-história, o alimento ingerido era uma mistura de mel, pólen e cera, pois não se sabia separar suas substâncias, sendo escasso e difícil encontrar um enxame. Somente em 400 a.C. é que começaram a armazenar em potes, sendo que os egípcios foram os primeiros na sua criação. O mel, produto que tem crescido em produção e exportação, é hoje responsável por uma cadeia produtiva diversificada que envolve todo país, com mais de 350 mil apicultores, além de 450 mil ocupações no campo e 16 mil empregos diretos no setor industrial. Segundo a Confederação Brasileira de Apicultura (CBA), a produção apícola nacional triplicou nos últimos anos, chegando a 50 mil toneladas anuais, com uma perspectiva de no futuro produzir até 200 mil toneladas. Segundo levantamento do Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, as exportações do mel renderam ao país uma receita de US$ 5,53 milhões em 2010. Além de elevar a renda e ser uma fonte riquíssima em proteínas, vitaminas, minerais, o cultivo de abelha pode ser um grande aliado para a preservação da natureza. Esses insetos são responsáveis pela reprodução de 40 a 90% dos vegetais devido ao processo de polinização, ou seja, cuidam do transporte de pólen de uma flor para outra, de acordo com INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. 
    
As abelhas são insetos sociais altamente organizados, que se destacam pela importância de seus produtos, especialmente o mel e, pela polinização de culturas. As abelhas melíferas organizam-se em três classes principais: as operárias (providenciam a alimentação), a rainha (põe ovos) e o zangão (acasala com a rainha). Algumas colmeias chegam a ter 110 mil abelhas, a grande maioria de operárias, sendo uma rainha e, cerca de 150 zangões. As abelhas são consideradas “insetos sociais” devido ao elevado grau de desenvolvimento social atingido. Agrupam-se em comunidades ou enxames onde existe uma organizada distribuição de tarefas. Cada família de abelhas possui uma única rainha, que tem como função a reprodução da espécie. Poucos dias após seu nascimento é fecundada por vários zangões no chamado “vôo nupcial”. Como é a única abelha fêmea fecundada, cabe à rainha colocar todos os ovos necessários à continuidade da família, mantendo a organização e coesão do enxame. Os zangões, abelhas macho mais fortes que as operárias, não possuem ferrão e não coletam pólen ou néctar; sua função é fecundar a rainha, vindo a morrer após o ato. Já as abelhas operárias são as fêmeas não fecundadas, menores que a rainha e que os zangões; são responsáveis pela construção, ventilação, limpeza e defesa da colmeia, além da alimentação da rainha, cuidado com ovos e crias, coleta de pólen, néctar e água e, produção de mel, geleia real e própolis; possuem veneno e ferrão, vivendo entre 28 e 50 dias.


                 
Objetivos e perspectivas da apicultura

     Entre os produtos que podem ser extraídos da colmeia, graças ao trabalho incansável das abelhas operárias, destacam-se: o mel, geléia real e própolis. O mel, produzido a partir do néctar que as abelhas operárias armazenam nos favos, é uma substância orgânica rica em ácidos, sais minerais, vitaminas, enzimas, proteínas, aminoácidos e hormônios, muito utilizado na alimentação humana, em cosméticos e como remédio (veja neste blog a matéria “Insetos benéficos e sua importância para o homem e meio ambiente”, postada em 28/10/2011, sobre as inúmeras propriedades medicinais do mel)O mel é produzido a partir das flores existentes ao redor da colmeia. Na colmeia, o néctar trazido pelas campeiras vai ser transformado em mel pelas outras abelhas, com um sabor e características especiais de acordo com as flores visitadas. Existem dezenas de variedades de mel de abelhas e, dependendo da floração e dos terrenos, variam de cor, aroma e sabor. Os apicultores conhecem o mel típico de sua região, e geralmente as flores que fornecem o néctar para a sua produção. A Geléia Real é produzido pelas abelhas para alimentação das larvas jovens da colmeia e para a rainha, durante toda sua vida; contém hormônios, vitaminas, aminoácidos, enzimas, lipídios e outras substâncias que agem sobre o processo de regeneração celular. O Própolis é produzido a partir de resinas e bálsamos coletados das plantas e modificado pelas abelhas operárias através de secreções próprias. Por sua eficácia terapêutica, é indicado para gripes, resfriados, dores de garganta, problemas de mau hálito, aftas e gengivites, bem como para fortificar o organismo. Também pode ser usado como cicatrizante em feridas, cortes, micoses, espinhas, verrugas e frieiras. Ainda pode ser extraído da colmeia, o Néctar, um líquido doce e rico em açúcar, colhido pelas abelhas para fazer o mel, empregado pelos gregos para preparar a ambrosia, bebida feita a partir da mistura de vinho, água e mel e a Cera. Em função das excelentes propriedades dos produtos apícolas, surgiu a Apiterapia; é a ciência da cura das enfermidades com produtos apícolas, embora tendo uma denominação nova, é uma medicina antiga e tradicional usada por muitos povos. 

     Há 80 milhões de anos as abelhas desempenham a importante tarefa de polinizar plantas e, por isso, são responsáveis pela produção de alimentos. A polinização é a transferência de grãos de pólen (gameta masculino) das anteras (órgãos masculinos) de uma flor para o estigma (parte do aparelho reprodutor feminino) da mesma flor ou de outra flor da mesma espécie. Sem essa transferência, não há a fecundação das plantas e, sem plantas, não tem como alimentar o mundo, pois não há a formação das sementes e frutos. Veja neste blog mais informações sobre a polinização, através da matéria “Insetos benéficos e sua importância para o homem e meio ambiente” postada em 28/10/2011. 

     São as abelhas que garantem a diversidade e o equilíbrio do ecossistema. Estudos apontam que 50% da biomassa de uma floresta tropical seja formada por formigas, vespas, abelhas e cupins. Cerca de 75% das culturas e 80% das espécies de plantas dotadas de flores dependem da polinização. Portanto, as abelhas constituem-se nos principais polinizadores bióticos da natureza. Frequentemente os agricultores não percebem a grande fração de polinização que é realizada pelas abelhas nativas e resultados de polinização inadequada acabam sendo interpretados como problemas de clima ou doenças. Boa parte da agricultura só existe por causa da polinização das abelhas e insetos! Ou seja, o próprio funcionamento da natureza - suas interações ecológicas - produzem "serviços" ecossistêmicos dos quais a humanidade e outros seres vivos utilizam para sobreviver. A conservação desses serviços depende da conservação da própria natureza e de seus diferentes ecossistemas. Quando o homem promove ações direcionadas à conservação, manutenção ou melhoria desses serviços ecossistêmicos para benefício da sociedade, tais ações são chamadas "Serviços Ambientais". Segundo pesquisadores, o valor anual global dos serviços ambientais prestados pelas abelhas na polinização de alimentos para o homem foi estimado em 2008 como sendo de 153 bilhões de euros, que corresponderam à 9,5% do valor da produção agrícola de alimentos utilizados pelo homem em 2005. 


     O Brasil tem uma apicultura em desenvolvimento, mas precisamos fortalecê-la mais através de um esforço conjunto para educação popular, conscientização da importância das abelhas, conservação dos recursos naturais e restauração ambiental, por exemplo, com o incentivo ao plantio de espécies vegetais com flores para as abelhas, especialmente árvores e jardins. No nosso país, muitos apicultores criam também abelhas nativas, chamadas de abelhas indígenas sem ferrão ou meliponíneos. Estas abelhas nativas, encontradas por toda parte, atuam na polinização de muitas plantas geralmente cultivadas pelo pequeno agricultor. Muitas espécies produzem mel. Entretanto, este mel é diferente do produzido pelas colônias de Apis mellifera. É mais líquido e considerado muito medicinal. No momento não pode ser vendido no comércio nem exportado, por ainda não estar regulamentado pelo Ministério da Agricultura. No Brasil de hoje, onde se expande a agricultura, uma das maiores fontes de recursos financeiros do País, precisamos atuar junto à comunidade rural para desenhar uma paisagem agrícola amigável aos polinizadores, implementar o cooperativismo forte e traçar um plano de ação bem delineado para que possamos preservar e utilizar os serviços ambientais prestados pelas nossas abelhas. Estas ações serão a base para a apicultura sustentável e para a segurança alimentar, através da utilização sustentável de abelhas como polinizadoras. 

veja mais em http://cultivehortaorganica.blogspot.com.br/2013/05/as-abelhas-e-o-apicultor-importancia.html

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